terça-feira, 23 de junho de 2015

Resumo - 20º Palestra

A palestra será ministrada pela professora Maria Teresa Nobre.


Capítulo 22 (Curso de 05 de dezembro de 1991)



Neste curso Bourdieu apresenta um programa para a construção de uma história social das ideias políticas e do Estado e problematiza as relações entre Estado e nação, em particular. Retoma ideias defendidas nos cursos anteriores, das quais destacam-se a importância do capital cultural, como condição de acesso ao poder e como instrumento para a reprodução do poder e o exercício do poder simbólico, como fundamento das ações de agentes sociais e instituições. A discussão sobre o interesse pelo desinteresse e a construção de representações tomadas como universais a partir do campo jurídico na intercessão com outros campos instiga a reflexão acerca da produção da ideia de um sujeito universal de direitos. A relação entre a construção do estado e a construção da nação é tomada no contraponto do modelo francês e do modelo alemão e dos seus efeitos sobre a construção da cidadania. Detém-se no problema do cidadão, enquanto pertencente ou não, a um estado-nação e ao modo como essa relação se produz, tomando o caso dos imigrantes como emblemático. Após a apresentação das ideias defendidas por ele propomos uma reflexão em torno da ideia de sujeito universal de direitos como fundamento de um programa de direitos humanos, que tem se consolidado no Brasil, ao lado da implantação de inúmeras políticas públicas. Nesse jogo de disputas e interesses destacam-se dois movimentos: o exercício da violência simbólica pelos agentes do estado, como prática no interior das instituições criadas para garantir direitos aos cidadãos, por um lado; e, por outro, perspectivas de mudança social protagonizadas por diversos agentes sociais, articuladas como estratégias. Esses antagonismos e enfrentamentos que encontram no Estado um campo de lutas privilegiado, não são, como adverte Bourdieu, necessariamente planejados ou controlados, resultado de escolhas e decisões conscientes ou racionais, mas movidas, também, por investimentos não cognitivos e capazes de gerar ganhos simbólicos e afetivos. São, enfim, “lutas de inconscientes”, em cujos meandros, entre razões e paixões, nos enredamos. 


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