terça-feira, 3 de março de 2015

Resumo - 2° palestra

A palestra será ministrada por Irlys Barrera.

Capítulo 2 (curso de 25 de janeiro de 1990)



O texto do Curso de 25 de janeiro de 1990 pode ser lido como proposta metodológica de investigação que desconstrói as versões generalizantes sobre o tema do Estado e instituições a ele articuladas. Bourdieu  critica as  concepções teóricas e filosóficas que afirmam a natureza abstrata e uniforme do Estado, contribuindo assim para criar efeitos de teoria. Se a pretensão demoníaca do Estado é a de produzir a visão verdadeira e oficial do mundo social, a tarefa do sociólogo  não  está  isenta  dos mesmos  riscos  de  uma  generalização  legitimada  pela  teoria. Trata‐se de se pensar sobre as condições concretas que fazem com que a instituição estatal se torne  operante  em  sua  luta  simbólica  para  construir  e  impor  uma  visão  de  mundo  como universal. O Estado funciona como um artefato progressivo, feito por agentes especializados, dotados de poder fiduciário e que controlam diferentes recursos, estando submetidos a uma mesma  soberania.  São  agentes  organizados  em  comissões  que  elaboram  a  alquimia  de transformar o particular em universal, conferindo ao Estado o estatuto do sagrado. O capital de  recursos  investidos  contribui  para  dar  o sentido  de  universalidade  às  práticas  políticas, fazendo  com  que  coisas  insignificantes sejam  ritualizadas  criando  a  agenda  dos  problemas públicos. Ao invés da oposição entre Estado e sociedade civil, Bourdieu considera a perspectiva de um continuum que supõe uma distribuição do acesso aos recursos públicos, materiais ou simbólicos, mediada por instituições, as quais se associam o nome Estado. Essa distribuição é objeto de disputas permanentes, sendo as lutas políticas a forma mais típica para derrubar ou interferir sobre essa distribuição. A genealogia histórica do Estado, segundo o autor, é então uma  tarefa  dificílima,  podendo  ser  pensada  a  partir  de  um  acúmulo  de  experiências  e comparações não redutíveis a uma tendência genérica que arriscaria esvaziar a própria noção de Estado.




Nenhum comentário:

Postar um comentário